detalhes de outro dia igual
sabe quando você dorme com a sensação de ter o mundo nas mãos e acorda com nada? eu também sei. eu não sei só de passagem. é uma velha sensação. daquelas que acompanham como se nada quisessem. e, na verdade, eu não sei se realmente querem. mas acordo com as mãos cheias de nada. nem sequer um nó de fita no dedo indicador, pra lembrar-me de algo. até porque eu não me esqueço de nada. ou mais: ainda me lembro de tudo que eu queria esquecer. mesmo depois de tanto pôr-do-sol de cores inexplicáveis; mesmo depois de tanta pétala caída ao chão; mesmo depois de tantos sóis da noite; mesmo depois de tanta escuridão. percebo que meu mundo ainda é fechado, porque joguei a chave na água corrente. se for dela abrir, ela há de voltar. porque eu... eu não abro, não.
[de café]